domingo, 18 de setembro de 2011

No Theatro

     Depois da farra no ônibus, a Turminha do Coro infantil chegou para o ensaio na cúpula, que é o lugar mais alto do Theatro Municipal de São Paulo. Lá funciona uma grande sala, onde são os ensaios dos espetáculos que assistimos.


                       O Theatro foi idealizado nos moldes dos melhores teatros do mundo para atender principalmente à ópera, a primeira forma artística e de lazer típica da burguesia.        Em 1903, a Câmara Municipal desapropriou o terreno do Morro do Chá para a construção do teatro. O projeto foi idealizado por Cláudio Rossi, os desenhos feitos por Domiziano Rossi e o arquiteto Ramos de Azevedo foi o responsável pela construção. O edifício traduz uma mistura de estilos, conforme observa o arquiteto português Ricardo Severo:

"A architectura exterior do edifício é composta no estylo do renascimento barroco, ao qual os artistas italianos chamam 'seiscento'. E o estylo clássico, com typos e modulos da renascença grego-romana, mais variada, porém, na apropriação desses typos e com maior liberdade imaginativa no emprego da linha curva, nos motivos e detalhes ornamentaes".
Além do ecletismo de estilos, os materiais e os trabalhos foram encomendados pelo Escritório Ramos de Azevedo em vários países. Benedito Lima de Toledo analisa: "A armadura de ferro foi encomendada em Düsseldorf, o ferro artístico em Frankfurt, o bronze artístico em Berlim, Paris e Milão; os mosaicos vieram de Veneza, os mosaicos de pavimento, de Nova York e Berlim, os mármores de Siena, Verona e Carrara e como esses, dezenas de itens foram contemplados com uma especificação exigente". 

                 Nosso Teatro Municipal foi inaugurado em 12 de setembro de 1911, com a ópera Hamlet. Foi um sucesso! O jornal Gazeta Artística escreveu no dia seguinte:
"Esteve deslumbrante a inauguração do Teatro Municipal pela companhia do barítono Titta Ruffo. Desde que anoiteceu o teatro ficou interior e exteriormente iluminado. Nas vizinhanças via-se numeroso público, carros e automóveis, com pessoas da melhor sociedade, que admiravam o belíssimo panorama. O Viaduto estava repleto. Pouco depois das 20 horas começaram a chegar os espectadores, todos em traje de rigor. A apresentação terminou às 12 horas e 25 minutos da noite, no meio ao grande entusiasmo do público. No interior do teatro foram distribuídas riquíssimas 'plaquettes', contendo a descrição e o histórico do teatro até sua inauguração. Durante o espetáculo foram tiradas muitas fotografias a magnésio. No jardim permaneceram numerosas famílias até tarde da noite". 
 Esse é o curioso depoimento de D. Brites, moradora da antiga São Paulo. Através dele, podemos perceber que as mulheres não costumavam freqüentar lugares públicos desacompanhadas:  



"Em 1923, 1924 começaram a vir pra cá pianistas como Brailowski, Arthur Rubinstein, no Teatro Municipal. Pela primeira vez, nós mulheres, começamos a ir na galeria. Um grupo de alunos do Maestro Chiaffarelli comprou entradas para a galeria e enfrentou os olhares do público. Daí por diante nós sempre freqüentamos as galerias. Foi um avanço social na época".

             De 1912 a 1926, o Teatro Municipal apresentou 88 óperas de 41 compositores, sendo 17 italianos, 10 franceses, 8 brasileiros, 4 alemães e 2 russos, no total de 270 espetáculos.

Em 1922, um grupo de poetas, escritores, músicos e artistas plásticos de São Paulo e Rio de Janeiro, sob o patrocínio do fazendeiro Paulo Prado, promove "uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulistana".  A Semana de Arte Moderna de 1922, como ficou conhecida, foi um evento explosivo que ocorreu no Teatro Municipal e renovaria, para sempre, o panorama das artes brasileiras.             

           O Teatro Municipal foi palco de artistas famosos nacionais e internacionais, como os cantores líricos Enrico Caruso e Maria Callas, as bailarinas Isadora Duncan e Anna Pavlowa, os dançarinos Nijinski e Baryshnikov, as atrizes Itália Fausta e Clara Della Guardia e os músicos Ravi Shankar e Duke Ellington.
             Reinaugurado em 2011, quando faz cem anos, oferece uma programação especial de aniversário. Ele agora conta com maquinário moderno, prédio restaurado e está pronto para ser muito visitado por paulistanos, inclusive pela turma do Coro Infantil

 
        

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